Andrea Martins
3 min readFeb 21, 2022

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Porque é tão difícil e solitário o caminho de ser você?

Começa com anos e anos de investigações, terapias, conversas com amigos, familia, choros, decepções, tristeza, risadas misturadas com noites alegres, cantando, dançando, falando com desconhecidos, viajando, foi onde comecei a me permiti ser eu mesma. A expectativa do outro, da sociedade, dos seus pais, a sua própria, administrar tudo isso e conseguir assumir sua voz, suas idéias, sua fortaleza maior, se despir e não dar a minima para o que o vão pensar de você, não tem preço. Quer dizer, tem sim, é meio caro, mas vale a pena, se vc estiver aberto a experimentar. No meio deste caminho, acabam ficando algumas pessoas, situações, que são bem doloridas a principio, como o distanciamento da sua familia, de amizades, aprender e praticar o não controle das situações, o perdão, a dizer não, ter limites, ter paciência com o tempo e finalmente dizer adeus a síndrome da impostora.

Uma desconstrução de você mesmo, de tudo que você aprendeu, criou como verdade, que esta grudado nas suas células, no seu DNA para uma nova construção. Cresci com esta verdade dentro de mim, que precisava trabalhar, ser independente, forte, não depender dos homens ou de ninguém. Ser a mulher maravilha, com uma super capa, que faz, acontece e resolve tudo. Meu Pai uma vez me disse: Filha, você é do mundo. Ele tinha razão, mas não por isso precisava levar o mundo nas costas. Tive que aprender e amadurecer, com as consequências de duras realidades que escolhi e vivi. Como a separação de duas sociedades, depois de um casamento, aprender que empreender e ser dona do seu nariz, não é fácil e como tudo na vida tem um preço.

Mas e o medo do novo? Da mudança? Por onde começo? E se eu não gostar da minha própria nova versão? Pode atualizar? Devolver? Nossa acho que esta é a parte mais difícil, quando estamos neste processo de auto conhecimento, ainda estou nele. Mas sinto um pé na água e outro na terra. Existe uma instabilidade emocional, no meu caso financeira também, que requer muita disciplina e equilíbrio. Mas nunca tinha trabalhado com este tipo de coisas. Somada com uma vulnerabilidade que precisa existir para você se acolher, porque para enxergar sua luz e sua sombra, precisa de muita coragem e verdade para se olhar. E este olhar, precisa ter consciência, clareza, sem o véu da ilusão.

Meus pensamentos e idéias sempre foram muito rápidos, minha cabeça não para. Sempre me senti um peixe fora d’agua, sempre atropelei tudo, vivia intensamente, seguia meu coração, minha intuição que nem sempre me levava para o caminho certo. Não pensava em nada, saia fazendo as coisas sem pensar. Minha vida funcionava entre sentir e agir. Mas do mesmo jeito que você levanta, você cai. E com o tempo, os tombos começam a ficar maiores, mais doloridos, com mais responsabilidades, com mais compromissos, porque também envolvemos outras pessoas nesta montanha russa da vida.

Primeiro, precisei jogar fora a carrasca que sempre fui comigo mesma. Aquela que me cobrava o tempo todo, que não me permitia errar, parar e olhar para o que estava acontecendo. Eu precisava dar espaço para uma gentileza entrar. Trabalhando no meu lado feminino, descobri que é possível sermos mulheres fortes, mas sensíveis. Depois tive que aprender quando, com quem e onde? Ser uma mulher, executiva, uma criança, uma palhaça, dona de casa, independente, ser sedutora? Tudo tem seu lugar, a companhia e seu tempo.

Então sozinha, comecei a me organizar melhor, me poupar, adicionar uma rotina, pensar em mim, ser mais egoísta, dizer não, incluir o pensar antes do sentir e depois agir, ainda em fase de desenvolvimento e em nova fase de construção. Aprendi a dizer: Posso pensar? Acho chique, quando alguém me responde desta forma. Aprendi a me preservar mais, não dar importância para o que não é importante, não sair fazendo mil coisas ao mesmo tempo. Aliás, minha dedicação tem sido, estar presente no momento onde estou, na minha solidão, começar e terminar, uma coisa de cada vez. Me sinto mais calma, sem tanto ruído externo e mais realizada. Posso dizer que eu já sou a minha nova versão? Acho que não. Mas ainda temos tempo, praticamente uma nova vida inteira para viver, descobrir e desvendar novos mistérios. Sinto que preciso somente confiar no hoje, nas mudanças que fiz e em tudo que plantei. Logo mais, o tempo entrega e começo a colher estes frutos que fazem parte da minha nova história, do que eu sou, do que sigo aprendendo e de tudo ainda vou ser:) Alegria e Gratidão!

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Andrea Martins

When I was 03 or 04 years old, I used to play alone most of the time, with my imaginary friends, that makes me believe I can create my own world and write :)